Setor de papel e celulose tem bom desempenho, mas gera poucos empregos

A Bahia abriga o maior parque industrial do mundo com matéria-prima extraída do eucalipto. Para dar uma ideia da dimensão da produção do estado, de cada quatro toneladas de celulose exportadas pelo Brasil, uma tem origem na Bahia. O mercado de papel e celulose é o tema abordado no programa Encontro com Gabrielli desta semana, que está disponível para download no site www.facebook.com/encontrocomgabrielli.

O parque industrial baiano fica localizado no Extremo Sul e coloca a região em evidencia internacional. As principais empresas são. Fibra Celulose, Suzano Papel e Celulose, BSC (Bahia Specialty Cellulose), Ferbasa e Veracel. Segundo dados de 2009, o Brasil é o quarto maior produtor mundial de celulose, com pouco mais de 13 milhões de toneladas por ano, sendo que a Bahia responde por 17% desse montante. O país perde apenas para os Estados Unidos, China e Canadá.

De acordo com a Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas, existem na Bahia mais de 650 mil hectares plantados, extensão que perde apenas para os estados de Minas Gerais, São Paulo e Paraná, o que corresponde a mais de 10% da área brasileira plantada. “Uma das razões para o bom desempenho baiano é a excelente condição para o cultivo da planta”, esclarece o economista e secretário do Planejamento, José Sergio Gabrielli.

Isso se explica porque o tamanho ideal para o corte da árvore é atingido entre seis e sete anos. Na Austrália e Suécia, por exemplo, é preciso esperar mais de 20 anos para extrair a mesma espécie. “A expectativa é que haja expansão do setor nos próximos anos, principalmente com a construção de uma nova unidade de produção da Veracel, o que vai permitir dobrar a produção anual do estado”, comenta Gabrielli. A previsão, diz, é que sejam investidos R$ 6 bilhões, com geração de quatro mil novos empregos diretos. A Ferbasa e a Suzano Papel e Celulose também preveem novos investimentos.

Apesar do bom desempenho do setor, na opinião de Gabrielli, a criação de empregos pode ser ainda melhor. De acordo com o Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged), entre janeiro de 2007 e julho de 2012, foram criados pouco mais de 1,7 mil novos empregos com carteira assinada. “O setor é um dos que menos emprega devido à alta mecanização”, salienta Gabrielli. Segundo representantes do segmento, são 30 mil pessoas entre funcionários diretos e indiretos.

PLANTAÇÕES - Outro aspecto destacado por Gabrielli é a relação, por vezes complicada, entre as empresas e as comunidades, de pelo menos 47 municípios na Bahia, onde se localizam as plantações. “Duas das reivindicações são que as empresas poderiam estimular uma cadeia de fornecedores locais, como a de alimentação, e aperfeiçoar o relacionamento com a própria comunidade e pequenos agricultores, que, por vezes, se encontram isoladas no meio de grandes áreas plantadas”, pontua.

No que se refere à arrecadação de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), que é a principal fonte arrecadadora do Estado, Gabrielli revela que o setor vem diminuindo sua contribuição. Em 2003, o segmento de papel e celulose contribuía com quase R$ 115 milhões por ano, enquanto em 2011 esse valor foi de pouco mais de R$ 31 milhões.

A queda superior a 73% é explicada pelo fato da produção baiana ser voltada para a exportação, sendo assim, não há recolhimento de ICMS. Alem disso, acrescenta Gabrielli, cerca de 85% da carga exportadora sai pelo Porto de Vitória, no Espírito Santo. “Em todo o Brasil, no ano de 2010, o faturamento do setor alcançou R$ 32 bilhões. Aqui no Estado chegou a R$ 3,2 bilhões”, finalizou o secretário.